Paciência e serenidade: duas asas equilibradas

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Paciência é o poder-alma

Oculto.

Paciência é o coração-torre

Revelado.

Paciência e serenidade: duas asas equilibradas

Tudo o que queremos alcançar, devemos fazê-lo com a força da nossa sinceridade. Se formos estudantes, temos de estudar. Se formos aspirantes, temos de orar e meditar. A sinceridade é de grande importância.

Ter um desejo sincero não significa que não possamos ter paciência. Um estudante do secundário que vê que o seu irmão tem um mestrado pode ter um desejo sincero de também ele vir a ter um mestrado. Mas ele sabe que o tempo é um fator; ele levará anos a tirar aquele grau académico. Se ele negligenciar os seus estudos agora, entretanto ele irá falhar nos exames nacionais. Assim como poderá ele entrar na universidade?

É importante progredir gradualmente. Se perdermos a nossa paciência, perderemos também a nossa inspiração e nunca conseguiremos alcançar o nosso objetivo. Se formos sempre sinceros e pacientes, iremos encontrar a satisfação mesmo nas nossas tentativas. A nossa satisfação presente poderá não ser a satisfação última, mas podemos estar seguros de que a satisfação última está compelida a crescer dentro de nós.

Mensagem da perseverança

Era uma vez um rapazinho chamado Bopdeb, que era o pior estudante possível. Os seus pais e professores costumavam ralhar-lhe sem piedade, mas de nada servia. Por fim, os seus professores desistiram e tiraram-no da escola. Bopdeb era tão tolo que os seus próprios pais não o quiseram mais. Assim o pobre Bopdeb, sentindo-se miserável, deixou a sua casa e foi para uma aldeia próxima.

Bopdeb começou a orar e a meditar todos os dias debaixo de uma árvore perto de um pequeno lago. Dali ele olhava as mulheres da aldeia transportarem jarros vazios até à lagoa onde os enchiam de água. Bopdeb reparou que as mulheres enchiam os barros, deixavam-nos no cimo de umas escadinhas de pedra e depois iam lavar-se nessa pequena lagoa. Depois de se sentirem refrescadas, retornavam a casa com os seus jarros de água.

Um dia quando ninguém estava presente, Bopdeb reparou que, parte das escadas de pedra nas quais as mulheres deixavam os seus jarros, não estavam direitas como as restantes. Bopdeb disse para si mesmo, “Porque as mulheres colocaram os seus jarros aqui repetidamente, a pedra estava desgastada. Se mesmo uma pedra pode mudar, porque o meu cérebro não poderia?”. Dessa experiência, ele veio a compreender a paciência e a perseverança.

Bopdeb começou a orar e a meditar mais seriamente e, uns dias mais tarde, começou a ler o seu velho livro de gramática de Sânscrito, novamente. Ele tinha sido o pior estudante de sempre de Sânscrito, mas agora ele tinha a capacidade de se lembrar do que lia. Ele continuou os seus estudos e, com paciência e perseverança, ele tornou-se afinal num respeitado professor de Sânscrito na Índia, especialmente de gramática.

A paciência nunca nos poderá ser imposta do exterior. É a nossa riqueza interior. Tal como Bopdeb, tu também terás um dia a visão do que a paciência pode alcançar na tua vida. Irás aperceber-te que os teus sonhos mais apaixonados serão transformados em realidades frutuosas se apenas souberes o segredo do cultivo da árvore da paciência dentro do teu coração.

Entre a tua árvore-fracasso

E a tua árvore-triunfo,

A árvore que está a crescer

É conhecida como a árvore-paciência.

Se sentires que a tua meditação não é tão profunda como deveria ser, nunca desistas. Nós não podemos comer a comida mais deliciosa todos os dias, mesmo assim comemos diariamente. Da mesma forma, quando meditamos, alimentamos a alma, o nosso ser interior. Mesmo que não consigamos alimentar a alma da forma mais deliciosa todos os dias, não devemos deixar de tentar. É melhor alimentar a alma com algo do que deixá-la passar fome. Assim, nunca desistas; tenta sempre meditar.

Devemos ter a paciência de um agricultor. Um agricultor lavra a terra e cultiva o solo. Em seguida ele tem de esperar que Deus lhe dê a chuva, para que a semente possa crescer e tornar-se numa pequena planta. Ainda que, na nossa vida de aspirante, tenhamos de praticar a meditação, temos também de sentir a Graça de Deus descer sobre nós tal como a chuva. Quando a Graça de Deus descer e o nosso esforço humano ascender, seremos capazes de meditar o tempo inteiro.

A paciência e a transformação do mundo

Se prestarmos profunda atenção, veremos que o mundo está a evoluir e a progredir. No mundo exterior, vemos lutas, batalhas e guerras. Mas sabemos que existe um outro mundo, o mundo interior. Quando aspiramos, vemos realmente a evolução na nossa própria natureza e na vida dos outros. Em suma, vemos a promessa da perfeição.

A perfeição não poderá acontecer do dia para a noite. Leva tempo. O que devemos fazer é cultivar a paciência com a nossa alma. Ser paciente não significa que sejamos forçados a rendermo-nos às duras realidades da vida. Não, paciência é sabedoria interior. A nossa sabedoria interior diz-nos que leva tempo para manifestar a divindade no mundo exterior. O que o mundo inteiro precisa é de paciência devota. Então a verdade pode crescer à sua própria maneira.

Ontem

A paciência foi o princípio

Da minha perfeição.

Hoje

A paciência é o desabrochar

Da minha satisfação.

Texto retirado do livro “Assas da Alegria” de Sri Chinmoy